Conflitos na Implantação da Escola Nova

Conflitos da escola nova

O processo de mudança que culminou no Manifesto dos Pioneiros da Educação, em 1932, deve inicio nos primeiros anos da década de 20 e foi marcado pelas discussões sobre educação e pedagogia. É fundada em 1924 a Associação Brasileira de Educação (ABE) que promovia conferências nacionais sobre educação e em meio a essas discussões tinha ala dos conservadores, composta por católicos que defendiam a pedagogia tradicional, e a ala dos liberais democráticos, que defendiam uma escola gratuita, democrática e laica.
A ABE tinha uma proposta que promoveria a modernização da sociedade brasileira, por isso foi identificado que no seu inicio boa parte dos integrantes eram médicos, higienistas e engenheiros de formação católica, já os pioneiros da educação que eram profissionais da área e tinham conhecimento especifico sobre o assunto ganham destaque e espaço do final da década de 20 e se posicionam contra uma escola vinculada à igreja católica.
Foi travado um conflito ideológico entre católicos e escolanovistas. Os católicos baseavam-se no tomismo de Tomas de Aquino e criticavam a instalação da tendência laica na educação, além de revindicarem a reintrodução do ensino religioso nas escolas por considerarem que a educação deve estar ligada a orientação moral cristã; no discurso católico as escolas leigas “só instruem, não educam”. Os católicos ainda acusavam de comunismo os pensadores da escola nova e isso gerou um forte posicionamento anticomunista por parte da ala conservadora. Era de grande importância para os defensores católicos que o ensino continuasse vinculado à igreja uma vez que os colégios mais conceituados da época eram católicos e com um ensino humanístico oferecido apenas para as elites.
Os católicos tentavam se consolidar como grupo social influente e com isso tentou aproximar a igreja aos leigos. Através de ações assistencialistas e educacionais a igreja católica logo se tornou a maior mantenedora de colégios secundários e tratou de educar as lideranças contra os perigos do ateísmo, do liberalismo, do comunismo e do anarquismo. Para propagar suas ideias é fundada a revista A Ordem (1921) e o “Centro de Estudos D. Vital” (1922) os dois com o intuito de se opor aos ideais liberais.
Muitas conquistas no sentido do acesso da população a educação foram garantidas, mas com a Constituição de 1937, com influências facistas no período do Estado Novo, muitas delas não lograram êxito. A iniciativa privada se beneficiou ao conseguir liberdade para atuar e o Estado aos poucos foi se eximindo da sua responsabilidade com a educação.


Referências:

HILSDORF, Maria Lucia Spedo. As Outras Escolas de Primeira República IN: História da Educação Brasileira: Leituras. São Paulo: Thomson Leraning,2007, cap. 6 pag.79-84
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da Educação e da Pedagogia: Geral e do Brasil. 3 ed São Paulo: Moderna, 2006, pag.302-305.